“Onde a cobiça reina no íntimo, não haverá modéstia nas vestes exteriores. A vestimenta de uma mulher piedosa tem de ser diferente das vestes de uma prostituta, se a piedade tem de ser provada pelas obras, a verbalização de ser crente também precisa ser visível em vestes decentes e apropriadas."
O texto bíblico usado pelo apóstolo Paulo que trata a respeito da
composição das vestes da mulher cristã está em I Tm 2:9: “Da mesma sorte
que as mulheres em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso,
não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestidos
dispendiosos”. Na mesma linha de pensamento, Pedro exorta enfaticamente:
“O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de
jóias de ouro, na compostura dos vestidos”. À luz destas passagens,
medidas éticas e disciplinares são recomendadas e merecem atenção
especial. Há realmente mulheres, que se tornam indecentes, na maneira de
trajar, usando vestidos transparentes ou escandalosamente decotados.
Às
vezes, aparecem com as costas desnudas e o busto quase totalmente
exposto, numa demonstração de evidente carnalidade. Existem, ainda, as
preferências pelas mini-saias, as quais despertam a lascívia dos olhares
cupidinosos. As vestes falam bem alto dos sentimentos do interior e das
pretensões do coração, ou seja, “o como” nos vestimos está relacionado
com “o que” somos por dentro. Em nossos dias percebe-se que o espírito
de prostituição na casa do Senhor tem caminho livre através da moda
desavergonhada e provocante. E, o pior é que pastores retrocedem. Não
ousam abrir a boca, e dobram-se à imposição diabólica da moda devassa.
Esses líderes são como diz o profeta Isaías “cães mudos” (Is 56: 10).
Atualmente, o padrão definido pelos meios de comunicação como sendo a
mulher ideal é a sensual, geralmente pouco vestida, que exibe o corpo
como mercadoria. Não se procura a mulher virtuosa, mas a mulher formosa.
É o reflexo de uma sociedade que cultua o corpo e que tem a mulher
apenas como um pedaço de carne em exposição num açougue chamado
exibicionismo.
É preciso que os servos e as servas de Deus não se deixem
aviltar pela imposição diabólica da moda, mas se ataviem com trajes
decentes, com modéstia e bom senso. O figurino que traz modelos
elegantes, sóbrios e modestos são os traçados pelo Espírito Santo – “Que
as mulheres se ataviem com modéstia e bom senso”. A palavra modéstia no
grego é “aidos” que quer dizer “respeito”. É usada como sinônimo de
pureza moral de comportamento. Tal pureza não exibe ostentação nem
sensualidade. A modéstia procura não atrair a atenção para si mesma nem
se mostrar de maneira inconveniente. Portanto, a modéstia é o elemento
chave do caráter cristão e, as vestes devem fazer a mesma “confissão”
que os lábios fazem. Vestir-se com modéstia significa um sentimento
moral que inclui respeito para com o sentimento de outros, ou seja,
indica um senso de respeito aos limites de conveniência. Enfim, a
modéstia não quer exibir-se, não se revela em nudez quer na igreja ou
fora dela. Por outro lado, a palavra grega para “bom senso” é
“sophrosune” que indica controle das paixões e dos desejos.
O filósofo
Aristóteles fazia dessa virtude um fator normativo em toda a ação ética,
intitulando-a de virtude áurea. Desse modo, “bom senso” deve ser
entendido como um estado de controle sobre si mesmo na área de apetites.
Paulo passa a idéia de autocontrole nos apetites físicos o que impede o
surgimento da tentação à imodéstia. Portanto, “bom senso” possui uma
conotação especificamente sexual. É claro que não se deve descartar que
Paulo combate nesse versículo o aparato de vestuário, pois ele enfatiza
“não com vestidos dispendiosos”. A palavra “dispendioso” no grego é
“poluteles” que significa, “caro”, “luxuoso”. Roupas luxuosas, caras e
extravagantes além de levar a uma vida de ostentação para o gáudio
próprio e humilhação para os mais pobres da igreja, resultam em
dispêndio inútil e atentam contra a recomendação apostólica da
simplicidade. O figurino bíblico não exala sexo, ostentação e dinheiro,
mas pureza e humildade.
Calvino disse: “Onde a cobiça reina no íntimo,
não haverá modéstia nas vestes exteriores”. Acrescenta ainda “A
vestimenta de uma mulher piedosa tem de ser diferente das vestes de uma
prostituta, se a piedade tem de ser provada pelas obras, a verbalização
de ser crente também precisa ser visível em vestes decentes e
apropriadas”.
Nos tempos bíblicos a caracterização de uma prostituta era
a revelação de seu corpo através de suas roupas sensuais. Não havia
nenhuma dúvida quanto ao “uniforme de uma prostituta”. Na verdade, o
marketing de uma prostituta consiste em mostrar suas curvas, coxas,
nádegas e genitálias. Nesse contexto, as mini-saias, vestidos decotados,
apertados ou transparentes satisfazem perfeitamente essa finalidade.
Algumas pessoas dizem: “Deus vê o coração e não o exterior” (I Samuel 16:7). Mas, observe o que diz em Mateus 17:1 e 2 “E após seis dias, Jesus tomou a Pedro, Tiago e João, seu irmão e os levou até um alto monte em particular; e foi transfigurado diante deles e seu rosto brilhava como o sol e suas vestes se tornara brancas como a luz”. Jesus estava ainda sob a forma humana, mas diante de Pedro, Tiago e João, sua aparência foi transformada. Jesus estava transfigurado, o que na língua grega significa modificado. A palavra “transfigurado” vem do grego “morphi” que quer dizer “expressão exterior que procede do interior”, ou ainda, “expressão exterior que apresenta o caráter interior”.
Naquele dia, no
monte, quando o rosto de Jesus começou a brilhar tanto quanto o sol e
suas vestes se tornaram brancas como a luz, a glória de Deus começou a
resplandecer. Aquela glória de Deus era uma expressão exterior de quem
Jesus era. Portanto, um coração puro reflete no exterior. Um coração
santo e puro não exterioriza sensualidade. As pessoas não podem ver
nossos corações para saber o que há dentro, mas podem discerni-lo pelo
que estão vendo por fora. O modo como nos vestimos revela o que somos. É
claro que uma mulher pode estar pudicamente vestida e ter um coração
cheio de rapinas, mas a Deus ela não engana. O fato de se ter a
possibilidade de uma mulher está pudicamente vestida e ter um coração
podre não invalida o figurino estabelecido por Deus: modéstia e bom
senso.
Ir. Marcos Pinheiro
Ir. Marcos Pinheiro