sábado, 12 de outubro de 2013

Figurino bíblico: Modéstia e bom senso

“Onde a cobiça reina no íntimo, não haverá modéstia nas vestes exteriores. A vestimenta de uma mulher piedosa tem de ser diferente das vestes de uma prostituta, se a piedade tem de ser provada pelas obras, a verbalização de ser crente também precisa ser visível em vestes decentes e apropriadas."

O texto bíblico usado pelo apóstolo Paulo que trata a respeito da composição das vestes da mulher cristã está em I Tm 2:9: “Da mesma sorte que as mulheres em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestidos dispendiosos”. Na mesma linha de pensamento, Pedro exorta enfaticamente: “O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura dos vestidos”. À luz destas passagens, medidas éticas e disciplinares são recomendadas e merecem atenção especial. Há realmente mulheres, que se tornam indecentes, na maneira de trajar, usando vestidos transparentes ou escandalosamente decotados. 

Às vezes, aparecem com as costas desnudas e o busto quase totalmente exposto, numa demonstração de evidente carnalidade. Existem, ainda, as preferências pelas mini-saias, as quais despertam a lascívia dos olhares cupidinosos. As vestes falam bem alto dos sentimentos do interior e das pretensões do coração, ou seja, “o como” nos vestimos está relacionado com “o que” somos por dentro. Em nossos dias percebe-se que o espírito de prostituição na casa do Senhor tem caminho livre através da moda desavergonhada e provocante. E, o pior é que pastores retrocedem. Não ousam abrir a boca, e dobram-se à imposição diabólica da moda devassa. Esses líderes são como diz o profeta Isaías “cães mudos” (Is 56: 10). Atualmente, o padrão definido pelos meios de comunicação como sendo a mulher ideal é a sensual, geralmente pouco vestida, que exibe o corpo como mercadoria. Não se procura a mulher virtuosa, mas a mulher formosa. É o reflexo de uma sociedade que cultua o corpo e que tem a mulher apenas como um pedaço de carne em exposição num açougue chamado exibicionismo. 

É preciso que os servos e as servas de Deus não se deixem aviltar pela imposição diabólica da moda, mas se ataviem com trajes decentes, com modéstia e bom senso. O figurino que traz modelos elegantes, sóbrios e modestos são os traçados pelo Espírito Santo – “Que as mulheres se ataviem com modéstia e bom senso”. A palavra modéstia no grego é “aidos” que quer dizer “respeito”. É usada como sinônimo de pureza moral de comportamento. Tal pureza não exibe ostentação nem sensualidade. A modéstia procura não atrair a atenção para si mesma nem se mostrar de maneira inconveniente. Portanto, a modéstia é o elemento chave do caráter cristão e, as vestes devem fazer a mesma “confissão” que os lábios fazem. Vestir-se com modéstia significa um sentimento moral que inclui respeito para com o sentimento de outros, ou seja, indica um senso de respeito aos limites de conveniência. Enfim, a modéstia não quer exibir-se, não se revela em nudez quer na igreja ou fora dela. Por outro lado, a palavra grega para “bom senso” é “sophrosune” que indica controle das paixões e dos desejos. 

O filósofo Aristóteles fazia dessa virtude um fator normativo em toda a ação ética, intitulando-a de virtude áurea. Desse modo, “bom senso” deve ser entendido como um estado de controle sobre si mesmo na área de apetites. Paulo passa a idéia de autocontrole nos apetites físicos o que impede o surgimento da tentação à imodéstia. Portanto, “bom senso” possui uma conotação especificamente sexual. É claro que não se deve descartar que Paulo combate nesse versículo o aparato de vestuário, pois ele enfatiza “não com vestidos dispendiosos”. A palavra “dispendioso” no grego é “poluteles” que significa, “caro”, “luxuoso”. Roupas luxuosas, caras e extravagantes além de levar a uma vida de ostentação para o gáudio próprio e humilhação para os mais pobres da igreja, resultam em dispêndio inútil e atentam contra a recomendação apostólica da simplicidade. O figurino bíblico não exala sexo, ostentação e dinheiro, mas pureza e humildade. 

Calvino disse: “Onde a cobiça reina no íntimo, não haverá modéstia nas vestes exteriores”. Acrescenta ainda “A vestimenta de uma mulher piedosa tem de ser diferente das vestes de uma prostituta, se a piedade tem de ser provada pelas obras, a verbalização de ser crente também precisa ser visível em vestes decentes e apropriadas”. 

Nos tempos bíblicos a caracterização de uma prostituta era a revelação de seu corpo através de suas roupas sensuais. Não havia nenhuma dúvida quanto ao “uniforme de uma prostituta”. Na verdade, o marketing de uma prostituta consiste em mostrar suas curvas, coxas, nádegas e genitálias. Nesse contexto, as mini-saias, vestidos decotados, apertados ou transparentes satisfazem perfeitamente essa finalidade.

Algumas pessoas dizem: “Deus vê o coração e não o exterior” (I Samuel 16:7). Mas, observe o que diz em Mateus 17:1 e 2 “E após seis dias, Jesus tomou a Pedro, Tiago e João, seu irmão e os levou até um alto monte em particular; e foi transfigurado diante deles e seu rosto brilhava como o sol e suas vestes se tornara brancas como a luz”. Jesus estava ainda sob a forma humana, mas diante de Pedro, Tiago e João, sua aparência foi transformada. Jesus estava transfigurado, o que na língua grega significa modificado. A palavra “transfigurado” vem do grego “morphi” que quer dizer “expressão exterior que procede do interior”, ou ainda, “expressão exterior que apresenta o caráter interior”. 

Naquele dia, no monte, quando o rosto de Jesus começou a brilhar tanto quanto o sol e suas vestes se tornaram brancas como a luz, a glória de Deus começou a resplandecer. Aquela glória de Deus era uma expressão exterior de quem Jesus era. Portanto, um coração puro reflete no exterior. Um coração santo e puro não exterioriza sensualidade. As pessoas não podem ver nossos corações para saber o que há dentro, mas podem discerni-lo pelo que estão vendo por fora. O modo como nos vestimos revela o que somos. É claro que uma mulher pode estar pudicamente vestida e ter um coração cheio de rapinas, mas a Deus ela não engana. O fato de se ter a possibilidade de uma mulher está pudicamente vestida e ter um coração podre não invalida o figurino estabelecido por Deus: modéstia e bom senso.

Ir. Marcos Pinheiro