Muitos neopentecostais ou pentecostais mal-orientados têm atrelado erroneamente o “cair no Espírito” às verdades pentecostais. Além de citarem episódios da história do pentecostalismo, apegam-se a algumas passagens da Bíblia tidas como irrefutáveis. Posteriormente, pretendo fazer uma explicação sobre o “cair no Espírito” ao longo da história do Movimento Pentecostal. Neste texto, para não me estender muito, me aterei apenas aos principais textos bíblicos que supostamente embasariam o “cair no Espírito”.
De fato, os primeiros cristãos batizados com o Espírito Santo foram tidos como embriagados, mas o texto bíblico mostra que a zombaria dos judeus religiosos de todas as nações não se deu em razão de eles terem visto pessoas caídas ao chão ou tomadas por uma prolongada “unção do riso”. Na verdade, o servos de Deus pareceram estar embriagados porque, de modo sobrenatural, começaram a falar nas línguas de pessoas de diferentes nacionalidades que ali estavam (vv. 5-13).
1 Coríntios 1.25. Alguns defensores de manifestações não previstas em Marcos 16.15-18 citam 1 Coríntios 1.25 e argumentam: “Quem acha o cair no Espírito e a unção do riso estranhos não conhecem a unção da loucura de Deus. Ele pode fazer o que quiser. Não podemos colocar Deus numa caixinha”. Entretanto, estamos diante de um argumento que se autodestrói em cinco segundos!
O termo “loucura de Deus” não se refere à loucura proveniente de Deus. Trata-se de figuração de linguagem alusiva à superioridade da sabedoria do Senhor em relação à dos homens. Observe que o apóstolo Paulo também afirmou, no mesmo versículo, que “a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1 Co 1.25). Ora, se existe a unção da loucura de Deus, por que não existiria também a unção da fraqueza de Deus?
O caso de João é semelhante ao de Daniel (Ap 1.10-18). E fica claro que ele não foi derrubado por um sopro ou golpe de capa (naquela época não havia paletó). João também não deixou de usar o raciocínio. E ele, assim como Daniel, caiu prostrado sobre o seu rosto, diante da glória do Senhor. Com todo o respeito a quem pensa de modo diferente, não há como fazer um paralelo entre o cair aos pés do Senhor e o famigerado “cair no Espírito”.
1 Reis 8.10,11. Este, talvez, seja o texto mais citado pelos pregadores que ministram o “cair no Espírito”, os quais têm argumentado: “Ninguém suporta ficar de pé quando a unção do Espírito vem sobre nós”. Bem, vamos examinar com atenção o que aconteceu, começando com uma leitura atenta da passagem: “E sucedeu que, saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a Casa do SENHOR. E não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do SENHOR enchera a Casa do SENHOR”.
O Senhor Jesus jamais derrubou alguém mediante sopros, golpes de capa ou imposição de mãos. Em seu ministério terreno, Ele ensinava, pregava ecurava os enfermos (Mt 4.23; At 10.38). Que tal seguirmos o conselho da Palavra de Deus em 1 João 2.6? “Aquele que diz que está nele também deve andar como ele andou”.
Fonte: Blog do Ciro (https://cirozibordi.blogspot.com.br/2017/02/o-chamado-cair-no-espirito-faz-parte-do.html?spref=fb)
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