segunda-feira, 15 de junho de 2020

Igreja e estado: Uma união não necessária

Só para ficar claro: Sou professor do ensino secular e do ensino teológico e como tal, sei muito bem separar os conteúdos seculares dos teológicos. De maneira que, apesar de ter meu particular posicionamento e a cada dois anos exercer meu papel como cidadão, NÃO sou ativista político. Não defendo nenhum dos lados da bipolaridade político-partidária existente no Brasil na atualidade. E NÃO farei isso. Há muito tenho dito: ambos os lados quando ferrenhamente defensores de seus gurus são extremamente chatos, insuportáveis.
Meu posicionamento está baseado no fato de que por meio de estudos feitos, foi possível conhecer parte da história dos povos e de como as nações se constituíram, de como os grupos ascendem ao poder e o que e como fazem para permanecer nele. Sendo assim, não vejo importância em aferrar-se a nenhum dos dois lados.
Além disso, percebe-se que para tudo e em tudo há jogo de interesses, sobretudo por parte de quem está no poder e apadrinhamentos, conchavos, são partes desse jogo. E eu, como popularmente dizemos: "tô fora".
Não me importa que os governantes não me apoiem como cristão protestante, evangélico, crente ou seja lá o que for, haja visto que a Igreja passou, ao longo da história, por uma série de dificuldades com seus governantes. Desde o início do cristianismo os primeiros cristãos sempre sofreram com os governantes, a começar pelo maior de todos, Jesus Cristo e o governo romano, Paulo, Pedro, Tiago, João e, novamente entraves com o governo de Roma. (Quem não conhece a história estude).
Na verdade, a Igreja só foi ter alguma "paz" quando passou a ter aliança com Estado. Lembra da história do Clero (Igreja) e da Nobreza (Reis), da Idade Média? Tanto que nós, protestantes, só estamos aqui como tal, devido ao rompimento com o Estado que foi o que fizeram os reformadores como Lutero, Calvino e outros ao divergir de suas lideranças contemporâneas.
Assim sendo, o apoio dos governantes não é a chave para o Reino de Deus. Inclusive, grande parte do crescimento do Reino se deu por meio do que grandes homens de Deus, ao longo da história, fizeram sem o apoio dos governantes.
Só para citar alguns dos grandes: Martinho Lutero, João Calvino, Philipp Melanchthon, Ulrich Zwinglio, Thomas Müntzer, John Wyclif... E os puritanos então, grandes homens como Jhon Knox, Richard Baxter, William Whittingham e, posteriormente os "quakers" como George Fox (aquele da latinha quaker, do chapéu), William Penn e outros e, ainda, outros grandes da história como Jhon Bunyan, Charles Spurgeon, Jhon Wesley, etc. que NÃO pregaram sendo aplaudidos pelos governos de suas épocas.
De forma que, se esses homens passaram por tudo isso, quem somos nós cristãos brasileiros - em sua grande parte meros propagadores de heresias, triunfalismos, bizarrices das mais variadas, para todos os gostos - para depender, nos sujeitar aos aplausos dos governantes.
Com isso, não estou dizendo ser contra as autoridades constituídas, afinal de contas, respeitá-las é bíblico. Porém, importa fazermos o que a Bíblia ensina e ponto. Basta a nós respeitá-los como autoridades constituídas por Deus mediante a escolha feita por parte do povo.
Aliás, escrevo esse fragmento justamente num contexto em que uma pequena parcela da população demonstra apoio a APENAS um dos três poderes e aos outros dois não, a ponto de atentar contra eles com fogos de artifícios, palavras de baixo calão e comportamento antidemocrático.
A Bíblia nos ensina a estarmos sujeitos às autoridades. Sendo assim, tanto o legislativo, quanto o executivo como o judiciário devem ser respeitados. (Romanos 13.1-2)
Em todo o caso, se há uma coisa que TODOS precisamos ter atualmente é discernimento das coisas para que haja respeito, harmonia, compreensão com quem não pensa como nós.
Deus abençoe a todos! Fique em paz!

Nenhum comentário:

Postar um comentário